O Letrozole poderá substituir o citrato de clomifeno para estimulação de ovulação de pacientes com Síndrome dos ovários policístico.
A Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP) é diagnosticada quando há sinais de hiperandrogenismo, alteração do ciclo menstrual e presença de imagem ultrassonográfica sugestiva de ovários policísticos, afeta 5 a 10% das mulheres em idade reprodutiva e é a causa mais comum de infertilidade por fator ovulatório.
O medicamento mais utilizado no mundo para induzir a ovulação das pacientes com SOP é o Citrato de Clomifeno (CC). Por décadas o CC foi utilizado, porém com baixa eficácia, estudos apontam 22% de taxa de gravidez após 6 ciclos e grande probabilidade de gestação múltipla (3 a 8%) se comparado com ciclo natural (<1%), além de efeitos colaterais indesejados como ondas de calor e mudanças no humor. Um estudo publicado por uma das mais importantes revistas científicas do mundo, a New England Journal of Medicine (NEJM) comparou o CC com um medicamento chamado Letrozole que foi desenvolvido para tratar alguns tipos de câncer de mama, mas pesquisadores observaram que ele tem potencial para ser utilizado para indução de ovulação e poderá ser o substituto do CC. No estudo, foram comparados dois grupos de pacientes com SOP, total de 750 pacientes randomizadas que fizeram indução de ovulação para realização de até 5 ciclos de coito programado. As pacientes que utilizaram o Letrozole tiveram maior taxa de ovulação por mês de tratamento, menor chance de gestação múltipla e taxa de gestação cumulativa que as que utilizaram CC (27,5% X 19,1%). A taxa de abortamento entre os dois grupos foi similar e curiosamente o grupo que usou Letrozole favoreceu o nascimento de bebês do sexo feminino. Os efeitos adversos do Letrozole descritos no estudo foram 2 casos de formação de cistos durante o tratamento, fadiga e tontura. Os efeitos adversos do CC foram 1 caso de torção de ovário e pacientes que referiram ondas de calor. Durante a gestação a complicação mais comum foi diabetes gestacional, sem diferença de incidência entre os grupos, assim como a taxa de malformação congênita foi semelhante entre os grupos também. Doutora Carla Iaconelli
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