Falha em anticoncepcional deixa ao menos 170 mulheres grávidas no Chile

Uma falha na pílula anticoncepcional Anulette CD, distribuída gratuitamente nos postos de saúde do Chile, deixou pelo menos 170 mulheres grávidas no país. É o que diz a organização Miles Chile, que atua na defesa dos direitos sexuais e reprodutivos. Mais dois medicamentos são observados: Minigest e Conti-Marvelon, sendo este último fabricado no Brasil pelo laboratório Eurofarma com o nome de Mercilon Conti. Em ambos os países ela é comercializada pela multinacional Merck Sharp & Dohme (MSD). Em agosto de 2020, o Instituto de Saúde Pública (ISP) do Chile retirou de circulação dois lotes do Anulette CD, responsável pela maior parte das denúncias. Segundo a farmacêutica que fabrica o medicamento, isso soma 276.890 cartelas. Quatro lotes do Minigest e Conti-Marvelon também foram suspensos. A organização Miles Chile já recebeu pelo menos 27 denúncias de outros lotes com defeito que continuam sendo distribuídos. De acordo com o ISP, as falhas vão desde cartelas com pílulas danificadas, ausentes ou trocadas por farinha — até com erros no esquema impresso na embalagem. No Chile, a farmacêutica Silesia, responsável pela Anulette, foi condenada pelo instituto a pagar uma multa equivalente a R$ 520 mil. E a própria empresa pediu a retirada de circulação de três lotes do Minigest porque foi detectada uma quantidade insuficiente da substância ativa — o que afetaria a eficácia do método. As notificações feitas em relação ao Conti-Marvelon diziam respeito a falhas na impressão das cartelas, que poderiam confundir a ordem certa de ingestão dos comprimidos.

Posso confiar no método?

A pílula anticoncepcional é um método contraceptivo conhecido mundialmente como um dos mais populares, acessíveis e seguros — sua eficácia, quando administrada de forma correta, pode passar de 99%. Em geral, os anticoncepcionais costumam diferenciar os comprimidos com inibidor de ovulação dos comprimidos com placebo, ingeridos na “pausa”, por meio da cor e de um esquema orientado por setas indicando a ordem que eles devem ser ingeridos. De acordo com Carla Iaconelli, ginecologista e obstetra especialista em Reprodução Humana, existem duas formas de usar a pílula: uso perfeito e uso típico.

No primeiro, o medicamento é tomado todos os dias, evitando usar antibiótico, sem vômito, tomando todos os cuidados para não esquecer o horário e seguindo a ordem da cartela. No segundo, é aquela paciente que toma pílula, mas de vez em quando esquece, toma em horários diferentes. “Com o uso perfeito, a taxa de gravidez é de 0,3 casais a cada 100 parceiros tendo relações durante um ano. O normal seria que a cada 100 casais que tivessem relações durante um ano, em torno de 85 engravidassem. O uso típico já tem um aumento de 7 gestações para cada 100 casais que têm relações durante um ano”, explica. A especialista reforça que o ato sexual é um momento muito importante, de muita intimidade e responsabilidade. “E a responsabilidade vai nesse sentido, de utilizar o método corretamente se o casal não pensa em ter filhos naquele momento”, reforça.

Uma forma de intensificar a proteção é utilizando métodos combinados. No caso da pílula, o ideal é que ela seja usada com a camisinha. “O preservativo também tem taxa de gravidez diferente para quando se faz o uso perfeito ou o uso típico. O casal que faz o uso perfeito apenas da camisinha tem uma taxa de gravidez de 2 casais a cada 100 durante um ano. Quem não usa perfeito, quando a camisinha não é bem colocada ou não usam sempre, aumenta para 13 gestações a cada 100 casais.” De acordo com ela, a combinação da pílula com a camisinha é muito interessante porque, caso a pílula falhe, o casal pode não falhar no uso do preservativo — o que aumenta a eficácia dos dois métodos juntos. Além disso, o uso do preservativo é o único método que previne o risco de Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) se usado do começo ao fim da relação.

Falha afetou Brasil? 

Jovem Pan entrou em contato com a Eurofarma e foi orientada a procurar a Merck Sharp and Dohme (MSD), responsável pela comercialização do medicamento nos dois países. Em nota, a multinacional afirmou que, no Chile, no fim de 2020, foi solicitado o recolhimento voluntário do lote 608442 de Conti-Marvelon devido a alterações na arte indicativa do esquema de administração na cartela de comprimidos. “Não houve nenhuma alteração na composição das pílulas. Como descrito em bula, a utilização do medicamento em uma sequência diferente da pré-determinada pode levar a um sangramento irregular ou mesmo um atraso no sangramento”, afirmou o documento.  “No Brasil, este medicamento é comercializado com outra nomenclatura – Mercilon Conti. Como o problema relatado refere-se a um lote específico comercializado no Chile, não houve nenhum impacto ou necessidade de medidas preventivas a respeito.” Em nota, a Anvisa afirmou que até o presente momento “não foi encontrada nenhuma notificação de problemas com o anticoncepcional em questão”.

Fonte: https://jovempan.com.br/noticias/mundo/falha-em-anticoncepcional-deixa-ao-menos-170-mulheres-gravidas-no-chile-metodo-e-mesmo-seguro.html

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