Como melhorar a qualidade dos óvulos e dos embriões?

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Sabe-se que a obtenção de bons embriões depende de uma boa maturação dos óvulos, e o ambiente neste processo influencia nos resultados finais de implantação e gestação.

A competência embrionária é definida pelo genoma do embrião, que não é ativado antes do estágio de clivagem, ou seja, das divisões celulares que se dão após a fertilização. Durante o crescimento dos folículos ovarianos nos tratamentos de FIV os oócitos vão sofrer a maturação do seu citoplasma, que é o líquido intracelular que contêm elementos celulares importantes como as mitocôndrias.

As mitocôndrias são responsáveis pela produção de energia das células e são muito importantes na divisão celular e crescimento embrionário. Atitudes e mudanças no estilo de vida que podem melhorar o funcionamento das mitocôndrias e por consequência, de todas as funções celulares são de grande valia, não apenas a saúde reprodutiva, mas para uma vida saudável.

Com a idade, a quantidade dos óvulos recuperados em um tratamento diminui, assim como a maturação oocitária perde sua qualidade, diminuindo assim a taxa de gravidez e aumentando a taxa de aborto.

O envelhecimento tem papel importante nesse processo, e diversos estudos têm sido realizados para se encontrar algo que reverta esse quadro. Algumas das medidas que podem ajudar a reduzir os efeitos do envelhecimento serão listadas abaixo:

  1. Coenzima Q10 – é uma substância promissora que participa da geração de energia celular auxiliando no processo de divisão e multiplicação celular. Já demonstrou bons resultados em estudos com ratos e no momento estão sendo realizados estudos com seres humanos.
  2. Testosterona – com a idade os níveis de testosterona diminuem. E esse hormônio participa na proliferação das células da granulosa, que são as células que circundam os folículos e possuem papel importantíssimo na maturação oocitária. Na prática são utilizados em creme, gel, patch e DHEA via oral.
  3. Antioxidantes – o stress oxidativo causado pela redução das defesas antioxidantes vem com a idade, causando envelhecimento e aumento de morte celular. O uso de vitamina C, E, D, ácido alfalipóico, picnogenol entre outras medidas listadas abaixo podem reduzir o stress oxidativo.
  4. Obesidade – a obesidade se traduz ao corpo como estado inflamatório, que pode afetar tanto a produção de óvulos quanto a qualidade endometrial. O IMC acima do normal já aumenta o risco de aborto. O IMC maior de 35 kg/m² dobra o risco de parto prematuro antes de 32 semanas. E exercícios físicos vigorosos aumentam em 3 vezes a chance de gravidez por FIV.
  5. Tabagismo – mulheres tabagistas têm metade da taxa de gravidez das que não fumam. O cigarro aumenta em ¼ o risco de aborto. Por isso, o certo é parar de fumar de 3 a 6 meses antes de iniciar o tratamento de FIV.
  6. Álcool e cafeína – o uso de álcool durante o estímulo ovariano reduz o sucesso da FIV. O uso de cafeína em grande quantidade também pode reduzir as taxas de gravidez. O recomendado seriam duas xícaras pequenas por dia de café.
  7. Produtos finais da glicação – alimentos muito quentes como churrasco e carnes bem passadas podem interferir na resposta ovariana, o ideal é comer alimentos cozidos, escaldados ou esquentados no microondas.
  8. Bisfenol A (BPA) – a taxa de BPA urinário encontra-se duas vezes mais altas em mulheres com má resposta. O BPA é um desregulador endócrino e está relacionado ao abortamento, além de piorar a qualidade espermática. Está presente no plástico tipo 7, o policarbonato e em comidas enlatadas.
  9. Atividade Física – exercícios físicos moderados para o casal reduzem o estresse oxidativo e aumenta os antioxidantes circulantes e intracelulares. Mulheres de IMC normal tem piora das taxas de gestação com exercícios extenuantes, o que não acontece com as obesas, que se beneficiam desta prática. Sabe-se que homens apresentam redução da qualidade seminal ao realizarem mais de 5 horas semanais de ciclismo, não pela atividade física, mas pelo aquecimento da região escrotal nesta modalidade.
  10. Dieta – a melhor dieta para a fertilidade é a dieta com pouca carne vermelha e gorduras saturadas, rica em peixes, frutas e legumes. Conhecida como Dieta Mediterrânea. Ela é farta em Ômega 3, que melhora a potência reprodutiva do casal por oferecer alta capacidade antioxidante.

Fonte: Fertility and Sterility, vol 105, no.3, Março 2016. 571-87.

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